HISTORIAL DE MAMBONE

Data: 19/01/2018

SUMARIO

Antigos escritores portugueses dos séculos XVII e XVIII, citam ruinas e inscrições em Mambone. Outros mais, nacionais e estrangeiros, incluindo alguns mapas para épocas, também fazem ligeiras referências a esta vez desaparecida para a comunidade. Em seu tempo, é de crer que Mambone e um relativo esplendor.

Pode-se supor que na época de exploração do ouro, ou fazer grande comércio de marfim e escravos, fosse uma das passagens para como minas do Mwenemutapa, e bem assim para o grande Zimbabwe, como caminho relativamente curto, e ao mesmo tempo abastecido de água, ao longo do Salvar. Uma tradição e depoimentos de personalidades influentes também a respeito de uma questão de respeito.

Entre os escritores antigos que se o relatório conta-se o notável Piloto Árabe de Vasco da Gama, Ahmad Ibn-Madjid. Há assim conveniência em correlacionar como localidades da região agora em estudo com os topônimos ou vestígios que ele menciona no seu poema, O Roteiro de Sofala alguns dos quais perderam o seu significado e são de identificação duvidosa.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento das gerações é acompanhado por fatores sociais, económicos, culturais e políticos que caracterizam de um modo geral, como vivências da humanidade, faculdades que nos permitem uma identidade de um povo em comunidade linguística. Dentre outras motivações que procuram a nossa curiosidade sem estudo de génese sobre uma região de Mambone, tivemos como foco, uma tradição e uma mitologialocais, que podem ser desvalorizantes e identidade de um povo e sua história. Foi encontrado um relatório sobre a região, na tentativa de se reconstituir uma história real de Mambone, com auxílio de fontes fontes dos escritores antigos dos séculos XVII e XVIII, ruinas e inscrições, incluindo alguns registos conservados por algumas personalidades influentes naturais de Mambone.

CAPÍTULO I - A VELHA MAMBONE NA HISTÓRIA

O termo Mambone, derivado de “Mambo”, o que quer dizer, em língua local, chefe ou local onde vive o chefe; segundo as nossas fontes, deram-nos a conhecer que teria vivido nesta região um grande potentado (poderoso), o rei de Sedanda, ou um seu subordinado, mencionados em alguns escritos e mapas daquele tempo.

Mambone, foi bastante conhecida na proto-história (fase de transição entre a pré-história e a história) africana, nos tempos do Monomutapa, como porto de penetração para o interior deste continente. Como se observa nos mapas actuais, que do Índico para o Zimbabwe, um dos itinerários preferidos nos tempos era ao longo do Save, partindo daquele porto, nao só por ser bastante directo, mas também não tinha subidas, como ainda pela abundância de água, mesmo na estação seca, circunstâncias a ter em conta nestas grandes travessias.

A Velha Mambone pela sua condição de porto comercial na altura, convergiam as caravanas com produtos da terra, como marfim, pontas de rinocerontes, muito procuradas pelos povos orientais como afro-asiáticos, madeiras ricas, por exemplo, pau-preto, cera, minérios e metais, como ouro, cobre, etc...e também escravos; a troca, sobretudo de panos, armas simples e bugigangas, objectos que o tempo nada ou muito pouco, deixou ficar, para testar a sua proveniência.

Local provável da Velha Mambone

Não se percebe que haja actualmente qualquer sítio nas proximidades da foz do Save, onde pudesse existir uma antiga povoação, tanto mais que, como assim consta de informações dos séculos XVII e XVIII, principalmente nos mapas, ela deveria ter deixado ruinas de qualquer natureza, talvez importantes, se dermos crédito aos escritores e cartógrafos destas épocas. Temos, pois forçosamente, que aceitar que essa antiga povoação desapareceu em época ignorada, a exemplo de muitas outras da região que constituem casos análogos, por arrastamento pelas águas dos terrenos marginais em que assentavam, o que parece não ser de difícil explicação, em vista da sua natureza aluvial de formação deltáica, onde domina o regime divagante das águas correntes.

Além disso, deve-se notar que o Save é um rio de regime pouco vulgar entre outras razões, por ser as suas aluviões bastante siliciosas. Sucede com isto dar-se uma forte corrosão marginal por todo o seu vale até à foz, com várzeas (planícies) relativamente estreitas em relação ao seu leito, e este relativamente largo em relação às águas que transporta em regime normal, e simultaneamente, uma ausência notável de solos fortemente argilosos, de maior coesão, que definem as perfeitas lezírias (margens) deltaicas, como aparecem no troço final em quase todos os rios de planície, no presente caso com um delta mal esboçado.

Velha-Mambone para Nova-Mambone

Antes do desembarque dos portugueses a esta costa, já existiam lendas entre os mouros que falavam e retratavam um pouco sobre Mambone que já existia desde os primórdios e frequentado por vários povos, sobretudo de origem asiática com intuitos comerciais, nos mouros vislumbravam marcas que falavam da Rainha Sabá, a qual deu origem ao actual rio Save, já com a presença portuguesa.

 A presença portuguesa nos meados do século XVIII, registou-se no momento em que a primitiva Mambone, encontrava-se em fase de desaparecimento devido à aproximação das águas do mar ao continente. Nesse processo de migração da população da primitiva Mambone para o interior, os portugueses denominaram as duas regiões de Velha e Nova-Mambone, a qual esta última é habitada até aos nossos dias, embora também com riscos meramente evidentes do seu futuro desaparecimento devido à erosão significativa das margens do Save.

A Ilha de Nhamanjdeve

A Ilha de Nhamandjeve, foi outrora ocupada e cultivada, mas em qualquer tempo foi abandonada, como assim consta par causa dos macacos que destruíam as machambas. A população desta, foi se afixar em Matasse, antigo ancoradouro (embarcadouro) que ficava a 2 km a jusante (vazante) da Nova- Mambone, que servia de ancoradouro aos barcos de pesca e de pequena cabotagem que vinham de Sofala. Principiou a ser usado, sobretudo pelo que apuramos, quando a companhia de Búzi instalou para montante, em Mahave, uma grande açucareira que mais tarde ficou abandonada. Face ao seu desaparecimento, não tivemos esclarecimentos possíveis, pois que nem há edifícios, nem ruínas nas suas proximidades.

CAPÍTULO II – REGIÃO  DE MAMBONE

Situação geográfica da região

Mambone localiza- se a norte do Distrito de Govuro, fazendo fronteia com o distrito vizinho de Machanga através do rio Save e um pouco encostada à linha de água, uma região banhada pelo Índico a Este, que se estende desde o Bartolomeu Dias até à zona de Macau (foz do rio Save, que nasce das terras do alto Zimbabwe e que faz limite com o distrito vizinho de Machanga a Norte), esta região costeira, é potencialmente rica em biodiversidade e ecossistemas marinhos, fluviais, florestais, faunísticos entre outros.

Numa longa incursão pela região, tivemos oportunidades de visitar vários locais supostos pertencer uma parte da velha Mambone e ultimamente sem muita história, pois não há lápides que demonstram a realidade dos factos, nem alguém capaz de reconstituir algo de histórico relacionado sobre a região na época. Porém, testemunhamos na região mais para o interior a jusante ao mar (Chilique), a existência de uma pedra sagrada que até hoje se desconhece a sua proveniência e suspeita-se ser algo misterioso, com o nome de VELHA MAMBONE, provavelmenteescritopelos portugueses aquando da sua chegada na região. Facto curioso é que para a localização do local, não planificamos, segundo a tradição local, pois caso contrário não seria possível se chegar lá, sob pena de a gente se perder. Igualmente é proibido extrair fotografias no local.

Visitamos ainda acampamentos de pescadores em Ngoddje, Muceve, Muringari, Chitaque, Nhamussanga, Chinhumbo, Gotchi e Mbende, onde interagimos com grupo de pescadores sobre actividade pesqueira, seu rendimento em relação ao passado e sobre a origem dos nomes dos locais acima descritos, e que segundo eles, os nomes surgiram dos primeiros pescadores que ali se afixaram na antiguidade.

Por outro lado, segundo algumas fontes, o nome Mambone provém de mboni uma fruta silvestre que os nativos usavam para lobolo.

Nova-Mambone

Oficialmente assim chamada, é a actual sede da circunscrição de Govuro, fundada pela magistática Companhia de Moçambique, isto é, de 1891 para cá, na margem direita do Save, mais um pouco afastada da linha de água, talvez por temerem a forte corrosão fluvial pela corrente e margem deste rio. A sede da circunscrição de Govuro, nesta região de Mambone, ou simplesmente Nova-Mambone neste caso, foi oficialmente elevada à categoria de Vila, aos 22 dias de Dezembro de 1948.

Actualmente, esta região (Nova-Mambone) está mais próxima da linha de água devido ao efeito da corrosão das margens do rio Save, influenciada pelas calamidades naturais que têm ameaçado a mesma região nos últimos tempos.

 

PARA CONHECER A HISTORIA COMPLETA BAIXE O DOCUMENTO EM ANEXO